segunda-feira, 29 de setembro de 2008

O rosto dela



Se não fosse pela alternação de luzes em sua face, eu não faço idéia de quando teria percebido a silhueta do perfil que me hipnotizou de uma forma estranhamente potente e dominadora.

Naquele momento, nada mais do seu corpo conseguiu reter minha atenção.

O contorno do seu rosto era algo absurdo. Quero saber o porquê de encaixes que me agradaram tanto. Seguindo o sul das têmporas a maciez de suas maçãs clamava por atenção, imediatamente cedida.

A ligação de suas bochechas com seu queixo fora feita sob encomenda de algum ser superior no auge do perfeccionismo. Novamente sua pele ganhava mais e mais destaque com o piscar das luzes e eu, atordoado, fitava seu semblante sem palavras. As palavras me fugiam. As ações então, me abandonaram por completo.

Em forma de véu, seus lindos cabelos realçavam ainda mais seus olhos. Seriam esses olhos dóceis e vivos os mais expressivos que eu já vi? Não encontro mais palavras para defini-los. Nem ouso mais tentar.

Foi nesse momento que os notei. Eram diferentes dos que já tinha visto. Eram diferentes dos que já imaginei. Dotados de um magnetismo fora da realidade, os lábios pareciam prestes a formar palavras. Eu me empenhei em ouvi-las, apesar do descontrole que sentia. E elas vieram suavemente potentes:

- Que é, porra?

Risos. A noite é uma criança, de fato. E ela brinca comigo alegremente.


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